sexta-feira, 15 de novembro de 2013

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ANÁLISE - ASSASSIN'S CREED 4 
Um navio, a imensidão do oceano e um bom gole de rum; tudo o que um pirata precisa nesta curta vida de roubos, assaltos e extorsão em alto mar. Exatamente todos os detalhes que não deixaram Edward Kenway resistir a essa tentadora vida sem regras e sem guias. Entre ter uma pacata vida na Inglaterra com sua mulher e um humilde trabalho, os claros olhos de Kenway brilharam em buscar as riquezas do mar e da gananciosa, egocêntrica e temida vida dos piratas e corsários. Seu sonho e desejo de levar dinheiro e uma bela reputação para casa vai se enevoando nas tempestades e batalhas em meio às gigantescas ondas do mar, levando-o a lugares fantásticos nunca vistos antes na série Assassin’s Creed. Com muitos sorrisos e nenhum dente, a tripulação canta ao sons das ondas batendo nos cascos enquanto os ventos nos levam a uma completa experiência de exploração e devastação entre as enormes Nassau e Havana no navio Jackdaw e as misteriosas ilhas e navios naufragados no fundo do mar.

Deixando sua pacata vida para trás, Kenway explora o maior ambiente da série em Black Flag, sendo muito mais do que apenas impressionante por suas belíssimas e detalhadas paisagens. Em um misto visual e histórico, Assassin's Creed 4: Black Flag nos leva a uma perfeita adaptação da história do Caribe e suas diversas ilhas, um dia habitadas por famosos piratas. Entre tavernas lotadas e a companhia de mulheres bonitas por umas moedas de prata, Kenway pode realizar diversas missões, explorando desde as ilhas mais desertas até os navios naufragados no fundo do mar. Mas sente e pegue um copo, porque não para por aí.

A galera tá toda reunida, do Salgueiro ao Vidigal

A história dos Templários e Assassinos se mistura aos famosos piratas daquela época, como Barba Negra, e até figuras femininas em meio as desdentados e fedorentos piratas, como Anny Bonny e Mary Read. Ainda é possível entender melhor o passado da série, já que o jogo mescla perfeitamente a história real dos piratas com os acontecimentos e personagens de Black Flag e outros jogos anteriores. Assim, é possível compreender melhor a linha do tempo que nos leva até os outros personagens, mostrando os ancestrais de Desmond e Connor.

Mas para os navegantes que logo ficarem enjoados com as ondas do mar, é possível sair do Animus a qualquer hora e curtir um pouco do seu escritório de testes personalizado; a história de Black Flag vem dividida em duas partes, sendo uma na Era Dourada dos piratas e outra no presente tempo real, uma influenciando a outra. Contratado pela Abstergo Entertainment, você deve investigar as memórias de Desmond Miles e seus ancestrais, focando-se principalmente no avô de Connor e pai de Haytham Kenway. Ou seja, nosso carismático e irresponsável protagonista, pirata e corsário, Edward Kenway. Ou quem sabe ver as novidades de Liberation pelas telas e escritórios da Abstergo e até encontrar misteriosas notas espalhadas. Escute conversas, dê uma voltinha e tente relaxar entre uma memória e outra.

Olha alí, meu camarada, quanta gente bonita

As memórias, ou missões, são novamente separadas nas quests principais da história e nas sidequests opcionais para conseguir um pouco mais de dinheiro e itens. Algumas memórias principais têm objetivos extras a serem cumpridos, normalmente um ou dois. Nada muito complicado. São extras como não entrar em combate ou matar guardas sem ser percebido. Ao cumpri-las, é possível fazer cem porcento da missão e completar os desafios Abstergo.

Mas o ponto mais fascinante em Black Flag não é apenas a vista incrível que podemos ter ao navegar no Jackdaw ou nos view points, mas as possibilidades de exploração e diversas formas de conseguir dinheiro dentro do jogo. Você pode tentar a forma clássica com um mapa e um tesouro enterrado, ou tentar algo mais arriscado como saquear navios e até furtar pessoas na rua. Ou caçar pequenos animais em ilhas desertas atrás de pele e carne. Outras opções como roubar plantações e navios militares podem levar a boas cargas de suprimentos que são importantes para o avanço do personagem dentro do jogo.

O que nos leva ao ponto mais essencial do jogo. O Jackdaw. Seu navio é a sua casa e sua fonte de sobrevivência e renda. Além de ter uma relação de amor e estabilidade muito maior com Kenway do que com sua própria mulher. Então, sua pseudo esposa de madeira precisa de constantes melhorias para atacar e se defender de navios inimigos. O intenso foco no combate naval exige que você prepare o seu navio à medida que passa as memórias e libera novos itens, para assim preparar melhores estratégias para abater e fugir de possíveis inimigos. E as opções são muitas, desde ataques a curta e longa distância, morteiros, barris de pólvora e qualquer tipo de aproximação que se adaptar melhor com a sua forma de ataque e defesa. Ainda é possível com uso de luneta verificar seus alvos, suas cargas e decidir sem precisar do Uni Dune Tê para escolher um alvo. E claro, ver o level de cada embarcação antes de decidir realizar um ataque a um navio militar de level 20. Além disso, é possível decorar seu majestoso navio da cor que preferir e até colocar uma bela e avantajada sereia na frente. Ou se preferir, um simpático cabrito.

"Estou vendo daqui o dedidnho mindinho daquele rapaz encostado na parede de dentro da casa"

Mas não se engane pensando que os combates se resumem ao mar, já que o jogo possui a mesma jogabilidade de combate e movimentação que Assassin’s Creed 3. Calma, não tão bugado quanto seu antecessor, mas de forma fluida e eficiente. Isto, claro, tirando a frustrante situação onde sempre alguém da tripulação parece estar na sua frente atrapalhando seu combate em alto mar ao invadir navios inimigos, cancelando golpes e atrapalhando consideravelmente a sua visão. A jogabilidade, apesar de ser a mesma, é excelente para escalar prédios, contra atacar inimigos e acertar três deles de uma só vez em meio ao fogo e explosões dentro e fora do mar. Infelizmente, uma das coisas que Blag Flack também retoma de Assassin’s Creed 3 e outros jogos, são as sidequests repetitivas que você provavelmente não terá vontade de fazer. Talvez uma ou duas até enjoar, já que opções não faltam para se conseguir uma graninha extra e elas vão se tornando desnecessárias se seu objetivo é apenas a campanha e algumas horas de multiplayer.

Felizmente, com tantas possibilidades no mundo aberto, é algo que podemos relevar boa parte das vezes. Além disso, todos esses elementos não perdem a emoção ao longo da campanha e não deixam o jogo maçante e muito menos cansativo. Na vida de um pirata não há tempo a se perder, então é possível viajar de forma rápida para determinados lugares, velejar em maiores velocidades e todos os acontecimentos e confusões de Kenway são relativamente rápidos, mas desafiantes. O elenco de piratas secundários dá certo charme da Era Dourada com personagens carismáticos e repugnantes, fazendo o jogador mergulhar em seus pequenos dilemas e problemas durante a aventura do ancestral de Connor.

"Cara, já te falei pra parar com essas bebidas..."

Sua tripulação é o segundo ponto mais importante, já que sem ela, seu navio não sairia do porto. Entre combates, é importantes derrubar a maior quantidade de inimigos possível em menor tempo, já que os seus companheiros de perna de pau podem morrer e, dependendo do navio que atacar, pode perder parte considerável de sua tripulação. Em resumo, o jogo une quase todos os detalhes necessários e importantes para a manutenção de um barco, sua tripulação e, principalmente, seus mantimentos, deixando Black Flag com um realismo fantástico. Combinado ao seu mundo aberto, basta abrir as velas e seguir os ventos.

Ventos que nos levam a lindas ilhas paradisíacas, completamente desertas ou cheias de piratas abandonados e bêbados. O detalhamento dos mares, florestas e paisagens vistas por Kenway em suas viagens é de tirar o tapa olho. Somado ao clima independente, onde tempestades e ventos arrastam seu barco para todos os lados, sendo necessário uma boa direção do jogador. E, claro, dias ensolarados de verão e primavera, regados aos cantos dos pássaros e canhões explodindo navios e fragatas espanholas pelos ares.

É uma pena que com cenários belíssimos e personagens interessantes a dublagem brasileira tenha perdido seu X no mapa do tesouro. Apesar de bem adaptada à linguagem e português rebuscado, a falta de emoção entre as falas e combates deixa muito a desejar. Como se tivesse sido feita as pressas, as vozes e gritos sem vontade simplesmente não combinam com os personagens e chegam a ser um pouco irritantes depois de certo momento. Por se tratar de um jogo com ação e combate, essa falta de emoção deixa a dublagem com gosto de caixote em água salgada. É realmente uma pena, já que outros jogos da Ubisoft, como Rayman Legends, tenham dublagens tão bem feitas e Black Flag peque exatamente nisso. Mas calma. Os que não desenvolvem bem o idioma do Tio Sam, podem contar com a dublagem em nosso tupi guarani.

"Ei, como é que era aquela música mesmo que falava lá vem o negão cheio de paixão?"

Bom, não apenas nisso, mas em muitas missões da própria campanha, a mesma ação de bisbilhotar a conversa dos inimigos se repete tantas vezes que acaba desgastando um pouco. O jogador precisa se esgueirar sem ser percebido e ouvir a conversa enquanto os personagens se movimentam, para depois decidir o que fazer. Não que seja um problema, já que é realmente necessário se esconder para entrar em determinados lugares e não faria sentido sair cortando todos pelos ares. Mas esse objetivo se repete muitas vezes, o que começa a incomodar já que não há nenhum tipo de inovação de uma missão para outra em relação a ele.

E em quesito de inovação, o multiplayer se difere completamente da campanha. Esta que mesmo com as características anteriores da série, trouxe diversas inovações e principalmente o combate naval, simplesmente parou por aí. O multiplayer não trás nada muito inovador. Claro que o modo de cooperação no estilo gato e rato ainda é realmente divertido, mas tirando o modo tutorial e opção de criar seu próprio estilo de jogo, não há novas adições. É uma pena, já que o multiplayer foi apenas adaptado ao mundo dos piratas e não compartilhas das boas inovações que sua campanha trouxe a série.

Assim como é possível se aventurar em outras ilhas, os jogadores também podem dar um tempo da campanha e curtir o extra com Aveline, assassina ancestral do primeiro participante do Animus Project. A pedido de Connor, Aveline precisa resgatar Patience Gibbs, e recruta-la para os assassinos. Apesar de curta, o extra trás umas poucas boas horas de jogo, onde a habilidosa Aveline precisa se infiltrar nas plantações e resgatas escravos.

"Tá vendo isso aqui? É o iPhone 10XY, capaz de voltar no tempo"

É possível ainda comprar conteúdo adicionais para ajuda-lo em suas aventuras, mas esses extras facilitam até demais o jogo durante a campanha. Por pouco menos de um dólar, é possível liberar localizações no mapa, abrir pontos rápidos e outras facilidades que foram feitas para ‘poupar tempo’ mas que acabam tirando boa parte da diversão em explorar e descobrir os lugares, e até mesmo de desenvolver seu navio já que é possível comprar um também.

Com um vasto mapa aberto a exploração e oceanos para navegar, os momentos estagnação e repetição podem ser facilmente relevados pela diversidade que Black Flag nos oferece. Seja caçando ou saqueando, as características dos jogos anteriores se harmonizam com as inovações e combates navais que este jogo da série explora, deixando o jogador livre e curioso para testar todas as possibilidades e velejar por horas e horas pelos quatro cantos do mapa. A história da Era Dourada e os Assassinos se misturam da melhor forma, dando um nível maior de realidade e credibilidade a nossa história principal. Apesar dos piratas sempre roubarem, desta vez eles deram a Assassin's Creed 4: Black Flag aquele algo mais que a série estava precisando para voltar aos eixos. O que foi muito mais do que uns bons goles de rum.


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